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O CORPO CARUANA: JAPON REINVENTA O TROFÉU DO FICCA E PREPARA UM MIRANTE ARTÍSTICO NO CAMUTÁ

  • Foto do escritor: Francisco Weyl
    Francisco Weyl
  • 6 de ago.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 14 de out.

Um novo capítulo da cultura amazônida começa a ser esculpido à sombra dos ares sagrados do Mirante de São Benedito, na comunidade do Camutá, pelas mãos firmes de um mestre da arte popular bragantina. Ele atende por Japon — ou Japão, como muitos ainda o chamam — e há décadas molda imagens, restaura santos, resgata memórias e entalha fé no imaginário da região.

Agora, neste ano em que o FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté celebra sua décima edição, é tempo de reconhecer a importância de um homem que não apenas acompanha o festival desde os primeiros passos, mas o materializa com arte e ancestralidade: Japon é o criador do troféu do FICCA, uma verdadeira obra de força simbólica, esculpida entre a mata, a madeira e os mitos que habitam o território.


A CÂMERA ENCANTADA DE UM FESTIVAL VIVO


Desde as primeiras edições, os troféus do FICCA foram criados em madeira pelas mãos do artista. Este ano, porém, em sintonia com a maturidade e a expansão do festival, o troféu ganha novos contornos e texturas: moldado inicialmente em escultura, será agora revestido em silicone e resina, mantendo sua força visual e espiritual, mas com um acabamento que atravessa o tempo.


A figura representada é a Caruana das Imagens, um ser híbrido com corpo de gente e cabeça de câmera de filmar — criação mítica e pedagógica concebida por Francisco Weyl, fundador do FICCA, como metodologia de ensino de cinema enraizada na Amazônia. Essa figura não apenas traduz o encontro entre tecnologia e cosmovisão, mas carrega no olhar-lente a missão de registrar o invisível, narrar o silenciado e encantar o mundo com a perspectiva dos povos da floresta.


“Faço a forma, moldei, e agora trabalho com resina... fico com a matriz comigo, e a peça vai pro mundo. Mas agora quero que essas formas também fiquem aqui, pra quem vier ver, tocar, conhecer minha história”, conta Japon, emocionado, em seu espaço de criação.


O RECANTO MIRANTE DAS ARTES: MUSEU, BOSQUE, SANTUÁRIO


Ali mesmo, ao pé do mirante de São Benedito, Japon vem cultivando com silêncio e paciência um novo sonho: construir o Recanto Mirante das Artes, um museu a céu aberto onde reunirá parte das esculturas que criou e restaurou ao longo de mais de 40 anos. Entre trilhas abertas com as próprias mãos, bosques plantados em nome da arte e do sagrado, e peças que guardam memória e beleza, o espaço começa a ganhar forma.


Mais que um museu, será um território de preservação da arte cabocla bragantina, um lugar onde a fé dialoga com a estética e onde a arte popular se afirma como matriz da resistência cultural.


Atualmente, Japon também atua na restauração de imagens sacras da Igreja de São João Batista, na vila Sinhá, sob a orientação do padre Gerinaldo Messias, outro parceiro do FICCA. Essas conexões entre arte, fé, território e cinema tornam Japon não apenas um artesão, mas um símbolo vivo de uma cultura amazônica que esculpe futuro sem perder o vínculo com suas raízes.


DEZ EDIÇÕES DE UM FESTIVAL ESCULPIDO COM O CORAÇÃO


Ao alcançar sua décima edição, o FICCA reafirma seu compromisso com as vozes e os saberes do território, e celebra a arte que nasce da terra, das mãos e da memória. O troféu esculpido por Japon não é um ornamento — é um manifesto visual. Cada peça carrega o suor do artista, o canto do Camutá, o sagrado de São Benedito, a pedagogia do encantado.


Valorizando Japon, o festival reconhece que a verdadeira arte do cinema amazônico não está apenas nas telas, mas também nas mãos que constroem seus símbolos, nas histórias que escorrem pelas veias do território, nos olhos que veem além da lente.


O Camutá, com seu mirante, seu museu em construção e sua caruana moldada em resina, passa a integrar definitivamente o mapa afetivo e simbólico do FICCA. E Japon, com seu silêncio criador e sua força ancestral, se torna guardião da imagem, da fé e do próprio festival.


SERVIÇO

Recanto Mirante das Artes – Camutá, Bragança (PA)

Troféu FICCA 2025: Caruana das Imagens, agora em silicone e resina

FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté, 10 anos de imagens enraizadas na Amazônia Atlântica

Leia mais no blog oficial: ficca.art.br/blog


"Quando o FICCA ergue seus troféus ao céu, é também um gesto de gratidão ao homem que transformou a imagem em memória viva."

— FRANCISCO WEYL


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Audiodescrição da imagem:

A fotografia mostra duas pessoas em pé, lado a lado, sorrindo para a câmera, em um ambiente externo ensolarado e cercado de vegetação.

À esquerda está uma pessoa de pele clara, cabelos longos e barba comprida e grisalha. Ela usa uma camiseta regata azul-clara, bermuda bege e botas pretas. Mantém o braço direito apoiado no ombro da pessoa ao lado.

À direita, está outra pessoa de pele morena, com cabelos curtos e escuros. Ela veste uma camisa polo verde com listras finas e bermuda jeans, usando sandálias de dedo. Segura algo pequeno na mão direita e também sorri.

Atrás deles há um carro prateado estacionado sob uma pequena estrutura com paredes inacabadas de tijolos. O chão é de areia clara, e ao redor crescem muitas árvores e plantas tropicais, como coqueiros e arbustos, com a luz do sol filtrando pelas folhas. O céu está parcialmente azul com algumas nuvens brancas.

O clima geral da foto transmite amizade, tranquilidade e simplicidade, em um ambiente natural e acolhedor.


REALIZAÇÃO: X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté / Arte Usina Caeté

PATROCÍNIO: Governo Federal/Ministério da Cultura; Governo do Pará/Secretaria de Cultura/Fundação Cultural do Pará, através da PNAB e Lei Semear; da Fundação Guamá, Parque de Ciência e Tecnologia - Guamá; Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação; e Casa Poranga e de Seu Rompe Mato

APOIO CULTURAL: Multifário; Associação Remanescentes de Quilombolas do Torre/Tracuateua; Grupo de Pesquisas PERAU-PPGARTES-UFPA; Academia de Letras do Brasil; ALB-Bragança; Henrique Brito Avocacia.

APOIO INTERNACIONAL: Livraria Independente Gato Vadio (Porto); BEI Film; Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa; Associação Nacional de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde; Fundação Servir Cinema Cinema - Cabo Verde

PARCERIA: BRAGANÇA: CVC; Pousada de Ajuruteua; Pousada Casa Madrid; Pousada Aruans Casarão; Mexericos na Maré; Paróquia de São João Batista; AUGUSTO CORREA: Escola Lauro Barbosa dos Santos Cordeiro - Patal; EMEF André Alves – Nova Olinda. PRIMAVERA: Vereador Waldeir Reis; Espaço Cultural Casa da Vózinha; Associação dos Produtores de Guarumandeua; Associação dos Agricultores de Siquiriba; QUATIPURU: Monóculo da Vovó; Associação Quilombola de Sacatandeua; ANANINDEUA: Centro Cultural Rosa Luxemburgo; BELÉM: Cordel do Urubu; Vagalume Boi Bumbá da Marambaia; Cine Curau; Casa do Poeta Caeté.

 

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