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Saudação à 21ª Mostra Internacional de Cinema Negro e ao pensamento de Celso Luiz Prudente

  • Foto do escritor: Francisco Weyl
    Francisco Weyl
  • há 3 dias
  • 4 min de leitura



O FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté saúda, com profundo respeito político e estético, a realização da 21ª Mostra Internacional de Cinema Negro, obra intelectual, cinematográfica e antropológica construída e conduzida pelo Professor, Doutor, Cineasta e Antropólogo Celso Luiz Prudente — referência fundamental para esta tese e para as epistemologias insurgentes que orientam nosso festival.

A Mostra Internacional de Cinema Negro, a mais longeva do país, funda e sustenta um campo crítico incontornável: o cinema como ato de retomada histórica, onde as imagens negras deixam de ser “objeto de representação” para afirmar-se como senhorio da própria imagem, capazes de reescrever a história com as mãos negras, como defende Celso Prudente em seu vasto pensamento. A Mostra, ao longo de mais de duas décadas, abriu caminhos para que outras estéticas — periféricas, indígenas, amazônicas — reivindiquem o mesmo direito de inscrever suas próprias narrativas no campo do visível.

A perspectiva elaborada por Celso Prudente — e tão decisiva para nosso entendimento de cinema e de mundo — recorda que, desde o período colonial, a superestrutura cultural brasileira já era sustentada por matrizes negras, ainda que hibridizadas e constantemente silenciadas pela ordem dominante. A Chanchada, apontada por Prudente como “estética negra invisibilizada”, evidencia o processo de apagamento sistemático que a Mostra combate há décadas, devolvendo centralidade a quem sempre sustentou a base estética, rítmica, performática e imaginária da cultura nacional.

Saudar a Mostra é, portanto, reconhecer que não existe história do cinema brasileiro sem o pensamento negro — nem estética, nem dramaturgia, nem musicalidade, nem cena.

O FICCA, festival amazônida comprometido com pedagogias cineclubistas e com epistemologias de corpo-território, encontra na Mostra um espelho ético e metodológico. Assim como Celso Prudente defende que o Cinema Negro reescreve a história com suas próprias mãos, o FICCA sustenta que o cinema amazônico — indígenafro, ribeirinho, quilombola, urbano e diásporico — também reescreve a história com as mãos dos territórios que o produzem.

Somos parte de uma mesma travessia.Uma travessia estética, política e civilizatória.

Por isso, celebramos esta 21ª edição como um marco de continuidade:um chamado para que o cinema não se dobre às lógicas coloniais de apagamento;um lembrete de que a imagem, quando liberta das coerções hegemônicas, respira como instrumento de luta, de memória, de insurgência.

O FICCA reafirma sua aliança com a Mostra Internacional de Cinema Negro e homenageia a grandeza intelectual de Celso Luiz Prudente — cujo pensamento funda horizontes críticos que ultrapassam o cinema e atingem a própria organização da vida brasileira.

Que esta edição fortaleça ainda mais as redes que sustentam imagens insubordinadas.Que siga iluminando caminhos para as lutas negras, indígenas, amazônicas e periféricas.Que permaneça como espaço de criação, enfrentamento, retomada e futuro.


FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté

Cinema como corpo que pensa.

Imagem como território que resiste.

Travessia como método.


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AUDIODESCRIÇÃO — #ParaTodosVerem

Cartaz da 21ª Mostra Internacional do Cinema Negro – Cine SESI-SP. O fundo é composto por tons de vermelho intenso, com círculos e formas geométricas em diferentes opacidades.

À esquerda, aparece o perfil de uma pessoa negra, com cabelos trançados e roupas escuras. O rosto está iluminado em tons de azul e vermelho. Sobre os olhos, há uma tira de película de cinema, horizontal, translúcida e azulada, como se estivesse funcionando como uma viseira luminosa. Dentro dessa película aparece um close do olho da própria pessoa, duplicado.

Ao centro-direita, um círculo branco contém o logotipo do Cine SESI-SP, com a palavra “cine” em letras pretas e um pequeno ícone de claquete sobre o “c”.

Mais abaixo, à direita, sobre um círculo marrom-escuro, estão os textos em branco:“21ª Mostra Internacional do Cinema Negro” e logo abaixo, em letras menores:“Cinema negro e a contemporaneidade inclusiva”.

O conjunto visual combina estética futurista, fotografia de forte contraste e elementos gráficos que remetem ao cinema e à identidade negra.


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REALIZAÇÃO: X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté / Arte Usina Caeté

PATROCÍNIO: Governo Federal/Ministério da Cultura; Governo do Pará/Secretaria de Cultura/Fundação Cultural do Pará, através da PNAB e Lei Semear; da Fundação Guamá, Parque de Ciência e Tecnologia - Guamá; Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação; e Casa Poranga e de Seu Rompe Mato

APOIO CULTURAL: Multifário; Associação Remanescentes de Quilombolas do Torre/Tracuateua; Grupo de Pesquisas PERAU-PPGARTES-UFPA; Academia de Letras do Brasil; ALB-Bragança; Henrique Brito Avocacia.

APOIO INTERNACIONAL: Livraria Independente Gato Vadio (Porto); BEI Film; Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa; Associação Nacional de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde; Fundação Servir Cinema Cinema - Cabo Verde

PARCERIA: BRAGANÇA: CVC; Pousada de Ajuruteua; Pousada Casa Madrid; Pousada Aruans Casarão; Mexericos na Maré; Paróquia de São João Batista; AUGUSTO CORREA: Escola Lauro Barbosa dos Santos Cordeiro - Patal; EMEF André Alves – Nova Olinda. PRIMAVERA: Vereador Waldeir Reis; Espaço Cultural Casa da Vózinha; Associação dos Produtores de Guarumandeua; Associação dos Agricultores de Siquiriba; QUATIPURU: Monóculo da Vovó; Associação Quilombola de Sacatandeua; ANANINDEUA: Centro Cultural Rosa Luxemburgo; BELÉM: Cordel do Urubu; Vagalume Boi Bumbá da Marambaia; Cine Curau; Casa do Poeta Caeté.

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COORD. PEDAGÓGICA: ROSILENE CORDEIRO / MARCELO SILVA

COORDENAÇÃO: Francisco Weyl

COORD. PRODUÇÃO: Roberta Mártires

FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté – Ano 10

- Projeto aprovado pelo Edital n° 005/2025 – Fomento à Circulação de Projetos Culturais (PNAB), Segmento Patrimônio Cultural Material, com apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura do Estado do Pará (SECULT/PA).

@ficcacinema


 
 
 

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