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O cinema das pequenas revoluções que moram nas esquinas

  • Foto do escritor: Francisco Weyl
    Francisco Weyl
  • há 1 dia
  • 5 min de leitura

O Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA) chega a Ananindeua, nos dias 12 e 13 de setembro, com a oficina “Cinema do Cotidiano – As pequenas revoluções que moram nas esquinas”, no Espaço Rosa Luxemburgo. Mais do que uma atividade cultural, trata-se de uma etapa decisiva na décima edição de um festival que, desde 2015, vem se firmando como uma das experiências mais singulares do cinema de resistência no Brasil.

Um festival que nasceu para desobedecer

O FICCA surgiu em Bragança, no nordeste do Pará, contra a lógica de festivais centralizados em capitais ou metrópoles globais. Em vez de salas luxuosas, escolheu as praças, escolas, igrejas e associações comunitárias como cenário. Em vez de plateias passivas, preferiu coletivos populares, professores, mestres da tradição oral, jovens de periferia e comunidades quilombolas como protagonistas.

Ao longo de dez anos, o festival se tornou itinerante, atravessando municípios do Caeté e outras regiões amazônicas. Em cada parada, deixou como marca oficinas de formação, sessões cineclubistas e rodas de diálogo, construindo um público crítico, ativo e criador. Mais do que exibir filmes, o FICCA inventou uma pedagogia própria, em que cinema é linguagem de liberdade, gesto político e celebração da vida cotidiana.

Dez anos, muitas estações

Em 2025, ano de celebração da primeira década, o festival reafirmou sua vocação formativa. Já realizou:

em Augusto Corrêa, a oficina “Cine Inclusivo e Formação Est-Ética”, explorando acessibilidade e videopoesia sensorial;

em Nova Olinda, a experiência “Cinema da Amazônia – Quem conta nossa história?”, valorizando narrativas orais e memórias comunitárias;

em Quatipuru, no Monóculo da Vovó, a oficina “Da imagem oral ao cinema real”, unindo juventude, tradição e ancestralidade.

Essas paradas configuram um mapa de resistência e invenção. Cada território se torna, por alguns dias, um laboratório de cinema insurgente, onde celulares viram câmeras, memórias viram roteiros e comunidades inteiras se veem refletidas nas telas improvisadas.

Ananindeua: as pequenas revoluções do cotidiano

Agora, o festival aporta em Ananindeua, com a oficina “Cinema do Cotidiano – As pequenas revoluções que moram nas esquinas”. A proposta é olhar para a cidade, para seus becos, ruas e afetos escondidos, e transformá-los em videopoemas e cine-manifestos. O corpo, a memória e a política se misturam em atividades sensoriais e criativas que buscam transformar o comum em potência estética.

O público participante — jovens, artistas locais, educadores e comunidade — será convidado a experimentar o cinema não como espetáculo distante, mas como ferramenta de criação e transformação coletiva. No encerramento, os trabalhos produzidos se somam ao acervo simbólico de uma década que insiste em democratizar o acesso e a produção audiovisual.

Horizontes: Primavera e Bragança

Depois de Ananindeua, o FICCA segue para Primavera, ampliando a itinerância desta edição histórica. E o ponto alto virá em Bragança, de 8 a 10 de dezembro, quando o festival retorna à sua cidade de origem para uma culminância internacional.

Neste encontro final, estarão presentes parceiros de Portugal, Cabo Verde, Brasil e América Latina, numa celebração que reforça a vocação do FICCA de articular local e global. Bragança se tornará palco de exibições, performances, debates e partilhas, consolidando o festival como ponte cultural entre a Amazônia e o mundo.

Cinema como ato de liberdade

O FICCA é, hoje, mais que um festival: é uma escola popular de sensibilidade, uma trincheira de resistência cultural e um projeto político de longo prazo. Em cada oficina, reafirma que o cinema pode ser feito com recursos simples, mas exige coragem, imaginação e compromisso.

Ao completar dez anos, o FICCA não celebra apenas sua história. Celebra o futuro possível: um futuro em que comunidades amazônicas não sejam apenas espectadores, mas autores de suas próprias imagens.

E assim, em Ananindeua, em Primavera e em Bragança, o festival segue escrevendo sua cartografia afetiva e insurgente, provando que o cinema — quando nasce do cotidiano — é capaz de mudar não apenas as telas, mas também a vida.

A oficina em Ananindeua

A nova etapa, em Ananindeua, abre espaço para a criação coletiva em torno da vida urbana e de suas pequenas revoluções diárias.

Programação resumida

12 de setembro (sexta-feira)

Tarde (14h às 17h30): oficinas simultâneas de Cinegambiarra (Audiovisual), Arte Insurgente (Artística) e Cinema do Cotidiano – Parte I, com dinâmicas de ativação sensorial, colagens poéticas e roteirização sensível.

Noite (18h às 20h30): sessão cineclubista comunitária na praça, com abertura cultural, exibições e debate “O Cinema como Cartografia Viva”.

13 de setembro (sábado)

Manhã (9h às 12h): continuação da oficina Cinema do Cotidiano, com filmagens, colagens poéticas, experimentações sonoras e edição inicial.

Tarde (14h às 17h30): rodas de conversa sobre corpo, território e memória e cinema e oralidade, seguidas de ações artísticas urbanas.

Noite (18h às 20h30): encerramento comunitário com projeção dos videopoemas, performances e debate “Cinema para todos os corpos e sentidos”.

Os oficineiros responsáveis por conduzir essa jornada criativa são Francisco Weyl, Marcelo Rodrigues, Roberta Mártires e Rosilene Cordeiro, que trazem experiências diversas na arte, na pedagogia e no audiovisual.

Metodologias e eixos sensoriais

A oficina trabalha com práticas como cartografia afetiva, colagem poética, caminhada sensorial, escuta vendada, performance poética e roteiro afetivo, em eixos metodológicos que integram criação sensível, inclusão, estética política e produção audiovisual comunitária. O objetivo é formar plateias críticas e coletivos criadores, transformando memórias e afetos em cinepoemas e microdocumentários.

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 REALIZAÇÃO: X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté / Arte Usina Caeté


PATROCÍNIO: Governo Federal/Ministério da Cultura; Governo do Pará/Secretaria de Cultura/Fundação Cultural do Pará, através da PNAB e Lei Semear; do Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação; e Casa Poranga e de Seu Rompe Mato


APOIO CULTURAL: Multifário; Associação Remanescentes de Quilombolas do Torre/Tracuateua; Grupo de Pesquisas PERAU-PPGARTES-UFPA; Academia de Letras do Brasil; ALB-Bragança; Henrique Brito Avocacia.


APOIO INTERNACIONAL: Livraria Independente Gato Vadio (Porto); BEI Film; Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa; Associação Nacional de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde; Fundação Servir Cinema Cinema - Cabo Verde


PARCERIA: BRAGANÇA: CVC; Pousada de Ajuruteua; Pousada Casa Madrid; Pousada Aruans Casarão; Mexericos na Maré; Paróquia de São João Batista; AUGUSTO CORREA: Escola Lauro Barbosa dos Santos Cordeiro - Patal; EMEF André Alves – Nova Olinda, Augusto Corrêa. PRIMAVERA: Vereador Waldeir Reis; Espaço Cultural Casa da Vó Zinha; Carimbó do Nilo; Associação dos Produtores de Guarumandeua; Associação das Famílias Reunidas do Jabaroca; Grupo de Carimbó Raio se Sol; QUATIPURU: Monóculo da Vovó; Associação Quilombola de Sacatandeua; ANANINDEUA: Centro Cultural Rosa Luxemburgo; BELÉM: Cordel do Urubu; Vagalume Boi Bumbá da Marambaia; Cine Curau; Casa do Poeta Caeté.


 
 
 

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