NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO
- Francisco Weyl

- 4 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de ago.
O Festival Internacional de Cinema do Caeté, por meio desta nota pública, manifesta profunda solidariedade, indignação e repúdio ao brutal episódio de violência transfóbica ocorrido na madrugada do dia 2 de agosto, na cidade de Belém do Pará, quando duas travestis, integrantes do Templo de Rainha Bárbara Soeira e Toy Azaka, foram atacadas covardemente por sete homens, um deles portando um facão, durante uma tentativa de assalto na Feira do Açaí. Uma das vítimas encontra-se gravemente ferida, além de ter seu aparelho celular roubado.
Trata-se de um crime de ódio. Trata-se de transfobia. Trata-se de uma emergência social.
É estarrecedor que, em pleno 2025, a cidade de Belém ainda seja palco de atos tão bárbaros, que combinam racismo religioso, transfobia e misoginia. É preciso dizer com todas as letras: essas violências não são casos isolados. Elas fazem parte de um sistema que marginaliza, persegue e assassina pessoas trans, especialmente travestis e mulheres negras de comunidades tradicionais e de terreiro.
A dor que nos atravessa é também institucional. A Mãe Dona Rosinha, responsável pelo Templo que denuncia o ataque, foi reconhecida por este Festival com o Mérito Cultural, honraria que entregamos a mestres e mestras da resistência cultural da Amazônia. Agredir integrantes de seu terreiro é atacar a cultura, a ancestralidade, a dignidade e os direitos humanos.
O Festival se junta às entidades, coletivos e parlamentares que cobram investigação rigorosa, punição imediata dos agressores e responsabilização do Estado. Enviamos solidariedade às vítimas, suas famílias e sua comunidade de fé. Reafirmamos que o cinema, a arte e a cultura não se calam diante do ódio.
Nos somamos ao chamado do ato público realizado no dia 3 de agosto, às 19h, na Feira do Açaí, onde centenas de artistas, profissionais, ativistas e representantes de movimentos sociais estiveram presentes para exigir justiça.
Reforçamos: o Brasil segue sendo o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo. Essa tragédia cotidiana tem nome e tem lei. Transfobia é crime. O silêncio é cumplicidade.
Por isso, o Festival Internacional de Cinema do Caeté:
Reitera sua denúncia pública à transfobia.
Repudia com veemência toda forma de violência contra pessoas LGBTQIAPN+, especialmente em contexto de religiosidade afro-amazônica.
Exige apuração célere e rigorosa por parte da Secretaria de Segurança Pública do Estado e acompanhamento efetivo do Ministério Público do Pará.
Defende políticas públicas de segurança, acolhimento e justiça reparatória para pessoas trans e travestis.
Seguiremos de mãos dadas com os terreiros, com os corpos dissidentes, com os povos da floresta e com a justiça social.
A transfobia mata. E o Estado precisa agir.Pelo direito de existir. Pelo direito de viver. Pela vida de todas as Rosas.
Belém do Pará, 4 de agosto de 2025.Festival Internacional de Cinema do CaetéMérito Cultural – Por uma Amazônia plural, livre e viva.
FICCA - FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DO CAETÉ

REALIZAÇÃO: X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté / Arte Usina Caeté
PATROCÍNIO: Governo Federal/Ministério da Cultura; Governo do Pará/Secretaria de Cultura/Fundação Cultural do Pará, através da PNAB e Lei Semear; do Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação; e Casa Poranga e de Seu Rompe Mato
APOIO CULTURAL: Multifário; Associação Remanescentes de Quilombolas do Torre/Tracuateua; Grupo de Pesquisas PERAU-PPGARTES-UFPA; Academia de Letras do Brasil; ALB-Bragança; Henrique Brito Avocacia.
APOIO INTERNACIONAL: Livraria Independente Gato Vadio (Porto); BEI Film; Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa; Associação Nacional de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde; Fundação Servir Cinema Cinema - Cabo Verde
PARCERIA: BRAGANÇA: CVC; Pousada de Ajuruteua; Pousada Casa Madrid; Pousada Aruans Casarão; Mexericos na Maré; Paróquia de São João Batista; AUGUSTO CORREA: Escola Lauro Barbosa dos Santos Cordeiro - Patal; EMEF André Alves – Nova Olinda, Augusto Corrêa. PRIMAVERA: Vereador Waldeir Reis; Espaço Cultural Casa da Vó Zinha; Carimbó do Nilo; Associação dos Produtores de Guarumandeua; Associação das Famílias Reunidas do Jabaroca; Grupo de Carimbó Raio se Sol; QUATIPURU: Monóculo da Vovó; Associação Quilombola de Sacatandeua; ANANINDEUA: Centro Cultural Rosa Luxemburgo; BELÉM: Cordel do Urubu; Vagalume Boi Bumbá da Marambaia; Cine Curau; Casa do Poeta Caeté.




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