MARAMBAIA FAZ TRIBUTO A JOEL DOS SANTOS DIA 17 DE MAIO
- Francisco Weyl
- há 6 dias
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No coração da Marambaia, plantou-se Joel Antônio dos Santos. Como árvore frondosa no meio do povo, deu sombra, abrigo, direção. E mesmo quando soube que teria apenas 20% de seu coração em funcionamento, seguiu como se tivesse dois corações inteiros: um batendo no peito e o outro espalhado entre os amigos, companheiros e vizinhos.
Morreu como viveu: com dignidade. Joel partiu do jeito que desejava — ao lado de sua companheira de vida, Ana, na condição de cuidador, que é o que sempre foi para todos nós, na Marambaia. Um homem que se dedicou a acolher, organizar e proteger. Um coração grande demais para caber em um só corpo.
Joel era obreiro e guerreiro. Missionário da política do chão, das ruas, das causas que não se vendem. Sua vida foi ação cotidiana. Honesto até a raiz, combativo como poucos, carregava o peso das injustiças com a leveza de quem sabia que o mundo só muda com mãos calejadas e esperança viva.
Foi referência, mesmo quando não compreendido pelos próprios espaços que ajudou a construir no Partido dos Trabalhadores. Militante raro. Presente nas bases, nos centros comunitários, nos cemitérios e nos palcos populares — onde quer que houvesse povo, lá estava ele. Fez do Centro Comunitário Tiradentes mais que um espaço físico: um sopro de dignidade.
Joel era desses que sabiam rir e chorar na mesma tarde. Triste e palhaço, como disse Sinval. Forte como aço e leve como pena. Um vagalume aceso na noite amazônica. Um passo firme em direção ao que é justo. Um nome que ecoa agora não como ausência, mas como legado.
Foi reconhecido em vida — como deve ser. Em 2023, o FICCA lhe prestou homenagem, e neste ano de 2024, Joel esteve presente mais uma vez, colaborando na articulação da décima edição do festival, com rodas de conversa, ações culturais e mobilização comunitária. Um grande camarada. Um guerreiro dos melhores.
Na Marambaia, seu nome está em cada passo de luta, em cada roda de conversa, em cada plantio de esperança. Foi o melhor presidente que o Centro Comunitário Tiradentes já teve. Implantou a primeira biblioteca comunitária do bairro, a primeira sala de cinema, o primeiro tablado de teatro. Caiu do telhado do centro comunitário e, mesmo com dificuldades de locomoção, nunca deixou de caminhar com o povo, pela cultura e pela justiça social. Um “marambaico” legítimo, como disse o Carpinteiro de Poesia.
E por isso a Marambaia vai se juntar para o tributo, no dia 17 de maio, com o brilho do FICCA, o cortejo do Cordel do Urubu, o clarão do Boi Vagalume, e a emoção da Quadra B. Não é um velório, é uma festa. É vigília de memória, resistência e ternura. É uma Marambaia que canta:
Joel, presente!
Nos becos e vielas, presente!
No batuque da quadra, presente!
No coração do povo, presente!
E enquanto houver uma causa justa, uma criança com fome, uma mulher invisibilizada, um grito abafado, um trabalhador humilhado — lá estará ele, invisível mas presente, soprando coragem em nossos ombros cansados.
Joel não partiu. Ele se multiplicou.
BOI VAGALUME DA MARAMBAIA
CORDEL DO URUBU
FICCA - FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DO CAETÉ
POMAR - LIVRE ASSOCIAÇÃO DE POETAS DA MARAMBAIA
FÓRUM PERMANENTE DE POLÍTICAS PÚBLICAS PERIFÉRICAS MARAMBAIA COP-30

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