A dança do Caruana: 10ª FICCA celebra força ancestral Amazônida
- Francisco Weyl

- 15 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de out.
O corpo se torna território, o gesto vira reza e a dança se ergue como encantaria. Hoje, no marco da 10ª edição do Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA), é lançado oficialmente o vídeo em que o Caruana une performance, memória e cinema em uma celebração espetacular da ancestralidade afro-indígena da Amazônia.
É um rito de passagem. Inspirado nas cosmogonias indígenas e afro-religiosas que atravessam a Amazônia paraense, o vídeo incorpora a pedagogia ancestral dos Caruanas, entidades míticas das águas, evocadas como símbolos de resistência cultural e de reinvenção estética.
No gesto performático, o Caruana dança, invoca memórias. A câmera não registra, mas se deixa possuir pela energia ritualística que transforma a cena em terreiro, o cinema em encantaria, e o festival em celebração coletiva.
O lançamento, que marca a década de existência do FICCA, reafirma o papel do festival como território de insurgência cultural, onde as *Estéticas de Guerrilha**, as **Poéticas da Gambiarra* e as *Tecnologias do Possível* se traduzem em cinema vivo, comunitário e decolonial.
Trata-se de um cinema que nasce do corpo e da floresta, que se faz resistência e pedagogia. Cada movimento do Caruana é também uma afirmação de que a arte é lugar de re-existência, de memória e de futuro”, afirma o pesquisador e artista Francisco Weyl, criador e curador do FICCA.
É um chamado à escuta dos rios e dos mitos que continuam a ensinar a Amazônia a resistir e reinventar-se.
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📽️ Ficha Técnica
*Realização e Performance:* Carpinteiro de Poesia
*Direção de Fotografia:* Marcelo Rodrigues
*Direção de Arte:* Cuité Marambaia
*Montagem: *Vitor Souza
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🎧 Audiodescrição – Abertura do FICCA 2025
A tela se abre sob uma luz intensa de sol, refletida nas águas do mar.O som das ondas que avançam e recuam se mistura ao vento que sopra constante, trazendo o murmúrio das marés.Ao fundo, uma trilha sonora forte, vibrante e quase tensa pulsa como um coração ancestral — tambores graves, sopros metálicos e o eco distante de cantos encantados.
Na claridade do horizonte, uma entidade se revela.Seu corpo é feito de fitas coloridas — vermelhas, azuis, verdes, amarelas — que se entrelaçam em movimento.No lugar da cabeça, traz uma câmera de cinema preta, artesanal, marcada pela palavra “FICCA” em letras brancas.Essa figura mítica não caminha: dança.Dança à beira-mar, trançando os pés nas areias de Yemanjá e Seu Beira Mar, movendo-se com a vibração do Caruana, espírito das águas e das memórias profundas.
A luz do sol reflete nas fitas, criando faíscas coloridas que parecem saltar da tela.O vento sopra mais forte.A câmera se move lenta, girando ao redor da entidade, que gira também — um cinema que é reza, corpo e encantamento.
Gradualmente, a cena se dissolve.Sobre o fundo luminoso, aparecem as logos do Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA) e de seus parceiros culturais, reluzindo como se fossem projeções antigas em película.O som do projetor de cinema se mistura ao barulho do mar, até que tudo silencia.
REALIZAÇÃO: X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté / Arte Usina Caeté
PATROCÍNIO: Governo Federal/Ministério da Cultura; Governo do Pará/Secretaria de Cultura/Fundação Cultural do Pará, através da PNAB e Lei Semear; da Fundação Guamá, Parque de Ciência e Tecnologia - Guamá; Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação; e Casa Poranga e de Seu Rompe Mato
APOIO CULTURAL: Multifário; Associação Remanescentes de Quilombolas do Torre/Tracuateua; Grupo de Pesquisas PERAU-PPGARTES-UFPA; Academia de Letras do Brasil; ALB-Bragança; Henrique Brito Avocacia.
APOIO INTERNACIONAL: Livraria Independente Gato Vadio (Porto); BEI Film; Escola Superior de Teatro e Cinema - Instituto Politécnico de Lisboa; Associação Nacional de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde; Fundação Servir Cinema Cinema - Cabo Verde
PARCERIA: BRAGANÇA: CVC; Pousada de Ajuruteua; Pousada Casa Madrid; Pousada Aruans Casarão; Mexericos na Maré; Paróquia de São João Batista; AUGUSTO CORREA: Escola Lauro Barbosa dos Santos Cordeiro - Patal; EMEF André Alves – Nova Olinda. PRIMAVERA: Vereador Waldeir Reis; Espaço Cultural Casa da Vózinha; Associação dos Produtores de Guarumandeua; Associação dos Agricultores de Siquiriba; QUATIPURU: Monóculo da Vovó; Associação Quilombola de Sacatandeua; ANANINDEUA: Centro Cultural Rosa Luxemburgo; BELÉM: Cordel do Urubu; Vagalume Boi Bumbá da Marambaia; Cine Curau; Casa do Poeta Caeté.
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COORD. PEDAGÓGICA: ROSILENE CORDEIRO / MARCELO SILVA
COORDENAÇÃO: Francisco Weyl
COORD. PRODUÇÃO: Roberta Mártires
FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté – Ano 10
@ficcacinema




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