Carta do Clima da Marambaia e mobilização cultural de base aponta os caminhos à COP30
- Francisco Weyl
- 11 de mai.
- 3 min de leitura
Mesmo sob chuva, ausências justificadas e desafios técnicos, a Marambaia reafirmou seu protagonismo no debate climático global, abrindo, com firmeza e poesia, o caminho para a COP30. No dia 9 de maio, a Casa do Poeta Caeté sediou o primeiro debate do Fórum Permanente de Políticas Públicas Periféricas Marambaia COP30 — uma iniciativa da REDEFICCA em parceria com o X Festival Internacional de Cinema e Cultura da Amazônia (FICCA), que celebra dez anos de resistência e criação artística na Amazônia Atlântica.
O encontro, que reuniu lideranças, artistas, ativistas e representantes institucionais, marca o início da construção da Carta do Clima da Marambaia — documento que nasce com o objetivo de garantir a presença ativa, propositiva e territorializada das periferias amazônicas nas decisões da COP30, que será sediada em Belém em 2025.
Apesar das ausências de nomes como Joel Antônio dos Santos e o cacique Kwarahy Tenetehara Xipew, ambos impossibilitados por questões pessoais e profissionais, o evento foi qualificado com a presença de Alexandre Diniz, diretor-presidente do Instituto Salvaterra. Sua participação trouxe perspectivas concretas de intervenção e articulação institucional, abrindo caminhos para que a Marambaia ocupe de forma efetiva os espaços oficiais da conferência climática da ONU.
Também estiveram presentes representantes da Câmara Técnica Científica do Instituto Salvaterra, como Maria Clara Reis e Francisco Barbosa, e a secretária-executiva Profa. Rosa Neves, fortalecendo os laços entre o saber técnico-científico e a vivência comunitária. A mediação da roda de conversa ficou por conta da artista e ativista Rosana Santos, que conduziu o debate com escuta sensível e potência popular, contando ainda com a intervenção de Rosana Santos e Raimundo Trindade, Conselheiro de Cultura de Belém, Daniel Veiga (ConselheiroEstadual de Cultura) e Rita Melém (Biblioteca Bomboler), entre outros e outras como Rosilene Cordeiro, que estava online, de Icoaraci.
E paralelamente, outro evento cultural acontecia no bairro: o tradicional Sarau do Recomeço no Canal da Água Cristal, o que impediu a presença de outros artistas e fazedores de cultura que mantêm viva a chama da resistência poética e política da Marambaia, como Cuité, do Vagalume, e os poetas Clei Sousa, Marco da Lama, Buscapé Blues, entre outros. Mas, mesmo fragmentada por múltiplos compromissos e atravessada pelas intempéries, a reunião foi representativa, conectando territórios locais e internacionais — da Marambaia a Portugal (de onde participou o artista e realizador Luís Costa), passando por Bragança (onde estava Paulo Carvalho - online) e, Quatipuru (de onde tentou acionar a ativista Cássia Costa, e Belém. Ficou definido como encaminhamento imediato a construção colaborativa da Carta do Clima da Marambaia e a proposta de um novo debate para o final de Maio, desta vez ampliado, com a presença de nomes como Rosilene Cordeiro, o vereador Waldeir Reis, Luís Costa e mediação do arte-educador ambiental Cuité, marcando também a inauguração do Cineclube do Poeta Caeté.
A Marambaia, território culturalmente potente e historicamente invisibilizado, envia um recado claro: não aceitará ser coadjuvante na COP30. Este é um movimento enraizado, organizado e que já constrói alternativas reais para um debate climático justo, popular e amazônico. A partir da força de sua floresta urbana, seus igarapés, seus poetas e suas lideranças, a Marambaia exige não só lugar de fala — mas também lugar de decisão.
Convocamos todxs que caminham com os povos da Amazônia urbana e periférica a se somarem à construção dessa nova etapa. A COP30 começa aqui, com os pés no chão, a palavra na roda e o futuro entre as mãos.
📍Próximos passos:
Avançar na redação coletiva da Carta do Clima da Marambaia
Realização de nova roda de conversa com abertura do Cineclube Poeta Caeté
Ampliação da escuta com mais territórios periféricos de Belém e região
Francisco Weyl
Fórum Permanente de Políticas Públicas Periféricas Marambaia COP30

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